'O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo'
Alberto Caeiro

Sentidos

sábado, 29 de novembro de 2008

Poema das Coisas Belas



As coisas belas
as que deixam cicatrizes na memória dos homens,
por que motivo são belas?
E belas, para quê?

Põe-se o Sol porque o movimento é relativo.
Derrama cores porque os meus olhos vêem.
Mas por que será belo o pôr do Sol?
E belo, para quê?

Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas,
mas só são coisas quando coisas percebidas,
por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?

Se por acaso as coisas forem coisas em si mesmas
sem precisarem de ser coisas percebidas,
para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?

António Gedeão, Poemas Póstumos

2 comentários:

Otário Tevez disse...

'Não sei como é que se pode achar um poente triste.
Só se é por um poente não ter madrugada.
Mas se ele é um poente, como é que ele havia de ser uma Madrugada?' Alberto Caeiro


Belo texto!

izzie disse...

A última estrofe é fantástica!

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