'O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo'
Alberto Caeiro

Sentidos

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Falo de ti...

Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;

Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!

Florbela Espanca

2 comentários:

Leonor C.. disse...

A imortal Florbela!

Um abraço

Rabisco disse...

Lembro-me de, em miúdo, encontrar um livro de poemas de Florbela Espanca, deixado ou perdido sabe-se lá por quem...
Isto foi ainda muito antes de sequer sonhar em "abordá-la" na escola, quase ainda quando pouco sabia ler.
Mas logo me perdi nas mágoas e loucuras de amor que os poemas permitiam...
Penso que durante a minha adolescência cheguei mesmo a sofrer do mesmo mal.
Verdade é que, de volta e meia, voltava a abrir (ao acaso, em qualquer uma das páginas) o livro e lia desmedidamente o poema que se me apresentava.
Hoje, já passaram alguns anos, esse livro ainda está comigo...

E Florbela, serás sempre bem vinda.

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