Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que e louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;
Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;
Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!
E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!
Florbela Espanca
2 comentários:
A imortal Florbela!
Um abraço
Lembro-me de, em miúdo, encontrar um livro de poemas de Florbela Espanca, deixado ou perdido sabe-se lá por quem...
Isto foi ainda muito antes de sequer sonhar em "abordá-la" na escola, quase ainda quando pouco sabia ler.
Mas logo me perdi nas mágoas e loucuras de amor que os poemas permitiam...
Penso que durante a minha adolescência cheguei mesmo a sofrer do mesmo mal.
Verdade é que, de volta e meia, voltava a abrir (ao acaso, em qualquer uma das páginas) o livro e lia desmedidamente o poema que se me apresentava.
Hoje, já passaram alguns anos, esse livro ainda está comigo...
E Florbela, serás sempre bem vinda.
Enviar um comentário