KINTAKOLUNA
Fazer farinha
De acordo com o noticiário de 5 deste mês de Maio, o ministro Manuel Pinho afirmara na véspera que
Paulo Rangel «tem de comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta». O ministro da Economia atirava assim mais uma «acha» à fogueira que opõe o o líder parlamentar do PSD e o presidente da AICEP, a propósito da proposta do programa Vasco da Gama, um projecto proposto pela candidatura de Rangel para a criação do primeiro emprego a nível europeu.
Enquanto falava aos jornalistas, em Ponte de Lima, Manuel Pinho aproveitou para criticar Paulo Rangel, a propósito da advertência que este deixara ao presidente da AICEP, Basílio Horta, acusando-o de correr o risco de «violar o dever de isenção» ao reprovar uma proposta do PSD.
Na segunda-feira, Paulo Rangel, também cabeça-de-lista do PSD às eleições europeias, afirmara que era estranho que um «agente administrativo» opinasse sobre uma proposta social-democrata, que visa colocar jovens no primeiro emprego, a nível europeu.
Basílio Horta referira que tal programa já existia e era o Inov Contacto e que o programa Vasco da Gama pretendia colocar empresários no estrangeiro. Rangel, na resposta, garantia que a proposta do PSD não tem a ver com os «programinhas da AICEP».
(Fotos: em cima, Ministro Manuel Pinho; em baixo, Deputado Paulo Rangel)
Antunes Ferreira
Para:
Excelentíssimo Senhor Professor Doutor Manuel Pinho, digníssimo Ministro da Economia e da Inovação
Cc:
Excelentíssimo Senhor Doutor Paulo Rangel, ilustre Deputado e cabeça de lista do Partido Social Democrata às eleições europeias
Excelentíssima Senhora Doutora Manuela Ferreira Leite, insigne Presidente do Partido Social Democrata
Excelência
Em nome da Associação dos Antigos Consumidores das Farinhas Amparo, 33 e de Trigo Torrada venho apresentar a Vossa Excelência (V.Ex.ª no seguimento deste documento) o nosso mais veemente protesto e o nosso mais sublinhado repúdio pelas palavras que endereçou ao Senhor Deputado Paulo Rangel sobre as papas de farinha Maizena que o mesmo ainda teria de comer para atingir a maioridade política.
Tenho, antes do mais, e sempre na qualidade de representante devidamente mandatado da AACFA33TT, de reprovar a citação a um produto dito alimentar originário dos EUA e proveniente de multinacional bem conhecida. É, por isso, e logo de início, que acentuo o espanto e a indignação nacionalista que me traz junto de V.Ex.ª
A Associação que me honro de representar pasmou perante a inconcebível afirmação de V.Ex.ª. Em meu (e nosso) entender teria tido muito mais cabimento a referência à Farinha Amparo, à Farinha 33 ou à Farinha de Trigo Torrada, de produção portuguesa, de resto bem conhecidas dos nossos concidadãos e respondendo cabalmente aos seus gostos e paladares. E, sobretudo, fabricadas a partir do trigo. Do nosso Alentejo, o celeiro de Portugal, como é sabido.
Ao arrepio dessa norma elementar (e alimentar), nunca V.Ex.ª se deveria ter referido a uma «coisa» resultante da farinação de milho, cereal nativo da América, aliás consumido originariamente pelos peles-vermelhas autóctones. Ainda por cima vermelhos, à semelhança dos energúmenos que insultaram e agrediram um outro candidato ao Parlamento Europeu. Atente V.Ex.ª nas conotações da supra-citada Maizena.
Não falando já no que poderia indagar de V.Ex.ª sobre possíveis insinuações publicitárias subliminares – e num País em que se refere multi-quotidianamente o cancro da corrupção –, politicamente foi um erro que lhe poderia custar bem caro, não fora o permanente apoio que lhe é dado solidariamente por Sua Excelência o Senhor Primeiro Ministro.
Deixe-me que lhe diga, Excelência, que penso que o Chefe do Governo não terá nada a ver com publicidades encobertas, nomeadamente neste triste caso. A responsabilidade da afirmação é, creio, única e exclusivamente de V.Ex.ª E se vier a dar-se o caso do Partido Socialista vir a perder as Europeias? Será V.Ex.ª o principal causador do terramoto político? A ser assim, que lhe sucederá?
Neste Portugal em que a culpa morre habitualmente solteira, muitas dúvidas tenho a tal respeito. E fundadas, estou certo. Oxalá isso não venha a acontecer, principalmente porque a AACFA33TT aguarda despacho de requerimento oportunamente apresentado para ser considerada ONG e, nestas coisas, mais vale prevenir atempadamente.
Dou, repito, em nome da nossa Associação, conhecimento deste protesto/repúdio aos dignos representantes do PSD nesta lamentável ocorrência, ainda que os considere, de alguma forma, coniventes. É que não bastam os protestos de não se confundir o Executivo com o Partido. É necessário que tragam para a praça pública o desrespeito de V.Ex.ª da defesa intransigente dos produtos nacionais, especialmente num momento tão delicado como é este de uma crise tão grave. Felizmente que de origem mundial. Connosco, e utilizando o dito popular, ninguém faz farinha.
Sem outro assunto
António Amparo Trigoso Torrado de Trinta e Três
Adjunto de Auxiliar de Praticante
(Também publicado em http://sorumbático.blogspot.com, http:aminhatravessadoferreira.blogspot.com e http://splish-splash.bolspot.com)
3 comentários:
Esta mensage é muito bela.
Beijinho
e cerelac, não há? heheh
Brilhante.
Mas o Manuel Pinho devia ter falado antes na Farinha Amparo, a mesma que, em tempos idos, ofertava cartas de condução como se não houvesse amanhã.
Hoje, corre o boato que a mesma afamada farinha dá cargos ministeriais.
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