'O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo'
Alberto Caeiro

Sentidos

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

espelhos...


Escrever é um dos meus vícios e por isso peço desculpa. Peço desculpa por encher este tão acolhedor espaço com memórias e devaneios meus. A verdade é que sinto uma enorme necessidade de partilhar com o mundo algo tão íntimo e secreto como o meu próprio ser.
Eu , eu, eu. Eu, eu e mais eu! Não se trata este blogue de um espelho? De um espelho sentido? Não gosto de filosofias estúpidas e despreocupadas de uma linha de nexo. Um espelho é um espelho e não admito ao mais atroz pensador que me diga que no espelho vejo os outros. Nos meus olhos vejo os outros e nos olhos dos outros me vejo a mim. Esses sim, são os verdadeiros espelhos. Os espelhos da alma e dos sentimentos, aqueles que posso partir apenas com a força de uma palavra, com a força de um punho de raiva.
O desvanecer. Quando viro as costas e sinto que estou farta de me ver e de te ver através dos meus olhos. Permaneces impenetrável quando me recordo de ti, cheio de altivez nesse teu olhar... Altiva, chamas-me... com o sarcasmo das palpebras que dançam frenéticamente o tango do silêncio. Um, dois, as tuas mãos na minha cintura e o teu coração na boca... Três, quatro, as minhas mãos nas tuas e o meu coração parando de respirar. Cinco, seis, danço sem te tocar, sem te ter sequer perto de mim... Vendo-te apenas olhando para dentro de mim. Saio, páro, acabo. Vou para longe desse pedaço de vidro que se acha demasiadamente pioneiro na arte das emoções.'É só um vidro!' Que me rasga e me corta as veias da coragem, que se parte em mil cacos quando tento conhecer quem realmente sou. Cacos ainda juntos que me fustigam de mil e uma maneiras nos meus mil e um sentidos. Sentido de calma, de altivez, de inquietude, de um não-sei-quê, de um quero nascer outra vez!
E é nesse espelho que me sinto renascer. Como se fosse feita de sangue frio e os meus pés fossem vulcões inactivos à muito tempo. Mas os teus olhos - o meu espelho - provocam erupções de desejo de sair, morrer, desaparecer. De adjectivar como adjectivo e de viver como existo...
Dentro do espelho; o espelho que nos une e nos repele.

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