'O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo'
Alberto Caeiro
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo'
Alberto Caeiro
Sentidos
quarta-feira, 3 de junho de 2009
DICA SIM, DIA NÃO
Os vinte anos do Ekvat
Ventos da tradição – de Goa
Antunes Ferreira
São eles que dizem que eu sou mais goês do que… eles. Até a minha dona, a Raquel, o afirma convictamente. Aqui para nós que ninguém nos ouve: sou. Sou mesmo. Hoje, faço aqui um registo – e com imenso prazer. Penso que é merecido; melhor, tenho a certeza. Avaliem, caríssimos, por favor.
No sábado, fui assistir ao espectáculo comemorativo dos 20 anos do Ekvat. Decorreu no auditório da Fundação Oriente – e foi mais um sucesso. Mas, o que é o Ekvat? Em concanim, a palavra significa raízes. E é o Grupo de Música e Danças Tradicionais de Goa. Já agora, www.ekvat.org Na verdade, formado em 1989, a sua primeira actuação decorreu em 1990, no salão nobre da Sociedade de Geografia. E, desde logo, foi um êxito. Eu estava lá – e posso testemunhar.
Esta actuação foi – diria – comovente e empolgante, diante de uma plateia completamente cheia, que não se cansou de aplaudir os artistas. Porque eles são. Gente de todas as idades, ainda que primacialmente menos jovem. Dou a palavra ao bom Amigo que é o Raul Carmo e Costa, um dos intérpretes mais destacados, violinista exímio. Amador, como todos os outros.
«O Ekvat nasceu da persistência e voluntarismo de um grupo que, há vinte anos, com muito amor à camisola, vem cumprindo com esforço e dedicação os desígnios a que se propôs. Muitos saíram, muitos entraram e alguns partiram para sempre – mas continuam muito vivos nos nossos corações. Desejo que surjam novos continuadores, mas também novos em idade, para poderem manter por outros 20 anos a ideia que presidiu à constituiçao do grupo».
E os objectivos, tal como o nome o indica, são a música e as danças tradicionais de Goa, a começar pelas dos corumbins e corumbinas, os que se dedicam a cultivar as terras por lá, até se chegar ao mandó cerimonioso, com os cavalheiros a usar trajo de cerimónia e as senhoras envergando os mais bonitos saris. Aliás, a cor do vestuário é um dos principais atractivos visuais do Ekvat
Pelo meio, imensos números, alguns que foram novidade, como as danças de quem vai para o trabalho campesino, ou vem, em sombras projectadas. E a actuação dos quatro miúdos violinistas, que formam o grupo juvenil Gamat, que levaram os assistentes ao rubro. Os violinos destacam-se na música goesa, bem como as violas e os tablás, pequenos tambores resultantes de bilhas de barro e que se tocam com as mãos.
Não me alongo. As fotos ilustram muito melhor do que estas poucas linhas, o que aconteceu ali. No final do Ventos da Tradição, tive a oportunidade de trocar impressões com alguns fundadores e entusiastas do Ekvat. O Rui Elvino de Sousa, médico distinto, a sua esposa Maluda – não é a pintora… - ou seja a Lourdes Elvino de Sousa, a Maria Virgínia Brás Gomes, escolho-os ao acaso.
Só para que se veja o que me liga a esta gente excelente, refiro aqui um pormenor para mim muito significativo. O Rui de Sousa é irmão do falecido médico Honorato Elvino de Sousa que, na qualidade de assistente do professor Mário Cordeiro, seu tio, foi o «pediatra-adjunto» do meu primogénito Miguel. Já lá vão uns quarenta e quatro anos e guardo a maior saudade dele, falecido novo, em Goa, para onde voltara – para morrer.
Estas coisas não se esquecem. Eu próprio, numa noite no São Luís, já lá vão uns anitos, tive o prazer de apresentar um espectáculo do grupo, acompanhado pela Susana Sardo, hoje professora catedrática de música, que viera de uma permanência em Goa para colher elementos para o seu doutoramento. E a Susana estava também lá no Museu do Oriente, tendo até subido ao palco em homenagem justíssima. Em tudo o que é Ekvat ela participa como verdadeira mentora…
Não podia deixar de acentuar, in fine, que a juventude, filhas e filhos dos «mais velhotes», se integra no espectáculo, sendo, sobretudo bailadores e bailadeiras das danças tradicionais. Todos já nascidos por cá. Mas todos empenhados em continuar o propósito firme de divulgar a cultura musical de Goa. Que já chegou a Londres, diversas cidades do Brasil e dos Estados Unidos. E um dos grupos de estudantes que o antecedeu, e cujos elementos estiveram na base do Ekvat, até actuou no Olympia. De Paris, pois claro.
(Também publicado em http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com e http://splish-splash.blogspot.com)
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1 comentário:
so uma pergunta,tu , es de goa, ou tens descendencia, de la ?
gostei bastante do texto , gostava de ter visto o espetaculo ..
eu acho esta cultura, bastante interessante, e banstante empolgante melhor dizendo .
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