'O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
Pensar é essencialmente errar.
Errar é essencialmente estar cego e surdo'
Alberto Caeiro

Sentidos

sábado, 3 de janeiro de 2009

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompestee
sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o acto sem continuação, o acto em si,
o acto que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

4 comentários:

NunoSioux disse...

O tempo tudo cura, mas devolve em saudade......

Saudade....


;)

Beijo

izzie disse...

Exactamente... e o pior... pode ser o tempo que o tempo demora até deixar que cure...

Otário Tevez disse...

pois é... certas recordações doem... e o tempo, em momentos, poderá não curar tudo. Sou mais da opinião da tisha.

Anónimo disse...

Vizitei o blog e gostei, espero por si em:wwwpoesiasepensamentos.blogspot.com

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