
VOLTAR AO PÂNTANO
O coqueiro em Lisboa…
Antunes Ferreira
Acabou-se o que era doce. E picante. Sair do Éden para regressar a este pseudo Inferno carregado de Inverno é o exemplo mais evidente do suicida militante. Evidentemente, eu sou. E pecador me confesso, sem esperança alguma de perdão. Muito menos aos pés de um qualquer senhor, como cantava e hoje arranha o Calvário. E disso não haja dúvidas: este mísero País é um calvário.
Aqui estou, contrito e envergonhado por não ter sido capaz de dizer sim. Ao desejo de ficar muito mais tempo em Goa. Corrijo: na Índia. Mas, as saudades da minha gente já eram muitas. Voltei. Agora, as saudades da água de coco, do Mandovi, do Ganesh, do Big Foot, dos cruzeiros e das gentes – que também são minhas – são tantas que fazem doer os mais empedernidos. A mim, fazem.
Porem, penitência assumida, vou (por dias tão seguidos quanto me der na gana) continuar com O Coqueiro da Esquina.

Entrementes, vou dar respostas aos cumentários, com o, que muito boa gente quis fazer, mesmo durante esta pequena ausência de apenas 52 dias. Não prometo que o faça em data determinada, desculpem-me os que os enviaram. Mas – não tenho tempo para mais. A tê-lo, repito o que tenho vindo a dizer: ficava lá, repimpado. Juro.
Este País é, desde há tempo, um antro da suspeita e da inquirição. E, até, da inquisição. Os agentes investigadores, os denunciantes, os corruptos, os ladrões e quejandos estão como o peixe na água. Ninguém dá um passo, um só, que não seja, logo, seguido. Os criminosos estão-se nas tintas. Os cidadãos honestos (que os há…) receiam – mesmo sem razão alguma - pela lama que lhes atiram, pela vergonha que persistem em ter. Telefonar

Uma mentira de tantas vezes repetida, como se sabe, degenera em «verdade». E por mais que as pessoas neguem e exibam provas de que não agiram maldosamente ou fora da lei, no que quer que seja, as dúvidas e as acusações persistem. A honra está em coma. Boatos pululam. As insinuações generalizam-se. As denúncias são quotidianas.
E, há, ainda, a crise. A famigerada crise económica, financeira, orçamental. A moral. E o espectro da recessão, da insolvência, quiçá mesmo da falência. Bem vistas as coisas, a crise é fundamentalmente da consciência. O salve-se quem puder faz lei. E as leis fazem-se para os que puderem se safarem.
Deixem-me que vos confesse: já quase não vejo telejornais & correlativos, não leio jornais, não ouço rádios que repercutem e aumentam os casos mais triviais, transformando-os em tsunamis quotidianos. Já não aturo pretensos debates políticos e/ou similares. Estou-me nas tintas para os politiqueiros que se multiplicam de forma exponencial. Serei, quem sabe, um pessimista congénito? Um desesperado praticante? Não sei. Continuo a acreditar firmemente na Liberdade e na Democracia. Resta-me isso. Concluo: estou farto.
Voltar a este pântano é muito difícil.
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